Cidade do Vaticano (RV)
- Uma multidão de fiéis e peregrinos participou esta manhã, na Praça
São Pedro, no Vaticano, da celebração do Domingo de Ramos e da Paixão do
Senhor – que dá início à Semana Santa. A missa, presidida pelo Santo
Padre, foi precedida pelo rito da Procissão de Ramos, que recorda a
entrada triunfante de Jesus em Jerusalém.
Na homilia, o Papa
Francisco recordou que "Jesus entra em Jerusalém", e logo em seguida
explicou que "entra como rei, mas segundo a ótica de Deus e não dos
homens: "o seu trono real é o madeiro da Cruz", frisou o Santo Padre,
acrescentando: "este é Jesus".
"A multidão aclama-O como Rei. E Ele não se opõe, não a manda calar. Mas, que tipo de Rei seria Jesus? Vejamo-Lo…
"Monta
um jumentinho, não tem uma corte como séquito, nem está rodeado de um
exército como símbolo de força. Quem O acolhe são pessoas humildes,
simples. Jesus não entra na Cidade Santa, para receber as honras
reservadas aos reis terrenos, a quem tem poder, a quem domina; entra
para ser flagelado, insultado e ultrajado, como preanuncia Isaías na
Primeira Leitura (cf. Is 50, 6); entra para receber uma coroa de
espinhos, uma cana, um manto de púrpura (a sua realeza será objeto de
ludíbrio); entra para subir ao Calvário carregado com um madeiro. E aqui
temos a segunda palavra: Cruz. Jesus entra em Jerusalém para morrer na
Cruz. E é precisamente aqui que refulge o seu ser Rei segundo Deus: o
seu trono real é o madeiro da Cruz!"
O Papa explicou: "Diante de
Pilatos, Jesus diz: Eu sou Rei; mas a sua força é a força de Deus, que
enfrenta o mal do mundo, o pecado que desfigura o rosto do homem. Jesus
toma sobre Si o mal, a sujeira, o pecado do mundo, incluindo o nosso
pecado, e lava-o; lava-o com o seu sangue, com a misericórdia, com o
amor de Deus."
Como é de seu estilo, o Papa Francisco fez
florescer da liturgia três palavras-chave. A primeira diz respeito ao
clima pleno "de luz, de alegria, de festa" que circunda Jesus quando
chega à Cidade Santa, a alegria:
"Jamais sejam homens e mulheres
tristes: um cristão jamais pode sê-lo! Jamais se deixem desencorajar! A
nossa alegria não nasce do possuir muitas coisas, mas do ter encontrado
uma Pessoa: Jesus, que está no meio de nós; nasce do saber que com ele
jamais estamos sozinhos, mesmo nos momentos difíceis (...) E são tantos.
E neste momento vem o inimigo, vem o diabo, disfarçado de anjo muitas
vezes e insidiosamente nos diz a sua palavra. Não lhe deem ouvidos!
Sigamos Jesus!"
Em seguida, o Santo Padre fez mais uma exortação,
como o fez outras vezes durante a homilia. Deixando o texto por um
momento, escrutando a multidão acrescentou:
"E por favor, não deixem roubar a esperança de vocês! Não deixem roubar a esperança! Aquela esperança que Jesus nos dá."
A
este ponto, o Papa inseriu uma segunda palavra, "Cruz", após ter
mostrado o paradoxo de Jesus, um rei cujo trono, disse, é uma Cruz de
madeira.
"Foi com a cruz que venceu o mal." A esse propósito, acrescentou:
"Penso
naquilo que Bento XVI dizia aos cardeais, "Os senhores são príncipes,
mas de um Rei crucificado. Este é o trono de Jesus".
Olhemos ao nosso redor: tantas feridas infligidas pelo mal à humanidade.
"Queridos
amigos, todos nós podemos vencer o mal que existe em nós e no mundo:
com Cristo, com o Bem! Sentimo-nos fracos, inaptos, incapazes? Mas Deus
não procura meios poderosos: foi com a cruz que venceu o mal! Não
devemos crer naquilo que o Maligno nos diz: não podes fazer nada contra a
violência, a corrupção, a injustiça, contra os teus pecados! Não
devemos jamais habituar-nos ao mal! Com Cristo, podemos transformar-nos a
nós mesmos e ao mundo. Devemos levar a vitória da Cruz de Cristo a
todos e por toda a parte; levar este amor grande de Deus. Isto requer de
todos nós que não tenhamos medo de sair de nós mesmos, de ir ao
encontro dos outros."
E daquele trono desce o sangue que lava, com a misericórdia, os males do mundo:
"Guerras,
violências, conflitos econômicos que atingem quem é mais fraco, avidez
de dinheiro, de poder, corrupção, divisões, crimes contra a vida humana e
contra a criação! E os nossos pecados pessoais: as faltas de amor e
respeito para com Deus, com o próximo e com a criação inteira. Na cruz,
Jesus sente todo o peso do mal e, com a força do amor de Deus, vence-o,
derrota-o na sua ressurreição."
A terceira palavra é "jovem". Vi
muitos jovens durante a procissão, afirmou o Papa Francisco, recordando
que o Domingo de Ramos há 28 anos é sinônimo de Jornada da Juventude. A
JMJ é uma festa por excelência e vocês, caros jovens, "têm uma parte
importante na festa da fé".
"Vós trazeis-nos a alegria da fé e
dizeis-nos que devemos viver a fé com um coração jovem, sempre… mesmo
aos setenta, oitenta anos! Com Cristo, o coração nunca envelhece."
O
pensamento do Pontífice dirigiu-se à JMJ do Rio de Janeiro, etapa que
será vivida – anunciou – nas pegadas de João Paulo II e de Bento XVI:
"Encontremo-nos
naquela grande cidade do Brasil! Preparai-vos bem, sobretudo
espiritualmente, nas vossas comunidades, para que o referido Encontro
seja um sinal de fé para o mundo inteiro. Vivamos a alegria de caminhar
com Jesus, de estar com Ele, levando a sua Cruz, com amor, com um
espírito sempre jovem! Peçamos a intercessão da Virgem Maria. Que Ela
nos ensine a alegria do encontro com Cristo, o amor com que O devemos
contemplar ao pé da cruz, o entusiasmo do coração jovem com que O
devemos seguir nesta Semana Santa e por toda a nossa vida." (RL)
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