Nova Presença de Deus
Durante o Tempo Pascal, a mensagem deixada por Jesus aos seus discípulos vem sendo celebrada. O amor de Cristo que reúne e une a comunidade de fé é a vida nova. Ela se sustenta na escuta e acolhida da Palavra de Jesus que é palavra do Pai para nós.
A Igreja nasce do lado de Cristo, como um Sacramento Pascal. Nela, é
possível visualizar o amor profundo daquele que dá a vida pelos seus
amigos. A importância deste amor e, para, sobretudo, que estejamos
abertos à sua experiência num mundo cada vez mais marcado pela
intolerância e pelo medo.
O Evangelho deste domingo faz parte do discurso de despedida de Jesus,
afirmando que a Palavra do Cristo é a Palavra do Pai. Com sua morte,
Jesus dá glória ao Pai, que ao ressuscitá-lo é glorificado no Filho. E a
presença do Espírito Santo após a partida de Cristo, intercederá e
advogará por nós.
Marcados e conduzidos por Seu Espírito Santo, brota o testemunho
eclesial no mundo. Aqui parece com pertinência a exortação para que não
nos deixemos perturbar e nem intimidar, porque a paz de Cristo é a
certeza da nossa vitória.
Quem ama o Cristo, guarda a sua Palavra e nele estabelece morada, ou
seja, permite que ela se realize no mundo. Amando o Filho, amamos o Pai e
vive-versa. Amar Jesus é assumir com ele e nele a boa nova que o Pai
nos confia, anunciando e testemunhando o Evangelho, a fim de transformar
a sociedade.
Guardar a Palavra é estabelecer morada no Pai e no Filho, tornando-nos
também, pelo Espírito Santo, sua morada. Hoje somos a tenda da reunião
do Pai, do Filho e do Espírito.
Nesta perspectiva, a herança mais preciosa que as comunidades cristãs
conservam é a própria morte e ressurreição de Jesus, sua Páscoa, pois
ela não é outra realidade senão o cumprimento mais significativo do Amor
do Pai.
A ação do Espírito Santo na Igreja permite-lhe manter viva esta memória,
de modo que a herança deixada pelo Senhor não se perca. Em épocas de
calamidade ou grandes dificuldades, não é novidade que os cristãos se
mobilizem para ajudar aqueles que padecem dificuldades.
Em nossas comunidades, as pastorais, os movimentos e as demais forças
eclesiais são impulsionados pelo Espírito para que mantenham viva a
memória do Ressuscitado. Ao tornar-nos homens e mulheres pascais,
permitimos que a herança deixada pelo Senhor não se perca.
A memória do Ressuscitado, portanto, se dará na mediação de seu Espírito
agindo em meio à comunidade dos discípulos e discípulas. A promessa do
Espírito que a liturgia explicita, neste domingo, tem a ver
necessariamente com a continuidade da presença de Jesus na vida
cotidiana dos seus amigos e amigas.
Em cada celebração do Tempo Pascal, afirmamos cantando que somos novas
criaturas, porque tentamos ser e agir conforme o Filho. Vejamos bem:
fomos banhados em Cristo. A água que nos lavou é Cristo. Que é símbolo
d’Ele, morto e ressuscitado. Somos herdeiros daquilo que o Pai deixa
para o seu Filho, seu Amor terno e compassivo.
Dom Eduardo Rocha Quintella
Bispo Diocese Belo Horizonte
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